Escola Internacional Ecologias Feministas dos Saberes
Joacine Katar Moreira_Mulheres negras e ciência
2019-01-11

Mulheres negras e ciência: Como descolonizar paradigmas e vivências e resgatar vozes, corpos abissais e lugares historicamente subalternizados O corpo negro feminino é o espaço onde se circunscrevem as maiores violências e onde o mapa colonial foi melhor distribuído, espelhando-se hoje no racismo e xenofobia e suas práticas discursivas violentas. Na reposição da justiça histórica e epistemológica, impõe-se o reconhecimento de que as mulheres negras, feitas “o Outro do Outro”, foram transformadas em tudo aquilo que o sujeito colonizador não quis ser. A outrificação, a desumanização e a objectificação dos seus corpos são resultados de práticas discursivas e métodos de diminuição como forma a torná-los menores e não reconhecidos. São necessárias estratégias de reposição da justiça histórica e estas poderão tomar forma com a produção do conhecimento científico que transgride a norma colonial promovendo justamente 1) a mudança de paradigma; 2) a reconceptualização; 3) a criação de novas práticas discursivas. Tendo em conta que o epistemicídio foi legitimado através da invisibilização das experiências e corpos dos sujeitos negros, o desafio contemporâneo passa por descobrir como torná-los visíveis, portanto audíveis, num mundo de sombras do passado (presente) colonial.