Lendo e escrevendo se atravessam abissalidades – Reinscrições ecológicas dos corpos a partir da literatura de mulheres africanas por Catarina Martins Propõe-se a leitura coletiva de algumas obras da literatura de mulheres africanas para interrogar questões feministas, a partir de diferentes lugares de África. Respondemos ao desafio de Boaventura de Sousa Santos, que critica a razão ocidental moderna como uma razão abissal, a qual produz como inexistente o mundo colonizado e invalida os saberes destas geografias, no sentido da abertura a epistemologias do Sul, que promovam a justiça social e cognitiva através de uma ecologia de saberes. Queremos alargar os conceitos de Santos a dimensões feministas que aqueles não compreendem, bem como desvendar a criação de abissalidades e opressões por parte dos feminismos. No centro da reflexão estará o conceito de corpo enquanto um dos elementos da dicotomia central do pensamento da modernidade ocidental – a dicotomia mente / corpo – e se apresenta, invariavelmente, como sede da produção da diferença que subalterniza, mas também como o lugar político da resistência. Dar-se-á destaque a práticas de leitura e de escrita como fundamentais para a (des)codificação do simbólico que sustenta as práticas sociais e permite a transformação das relações de poder.