Esta Escola de Inverno assenta na premissa teórica de Boaventura de Sousa Santos (2014: 133) segundo a qual não há justiça social sem justiça cognitiva. Ora, esta interpelação necessita de ser radicalizada afirmando que não há justiça social e cognitiva sem justiça sexual. Assim, interroga-se toda a imaginação sociológica, feminista ou não, que não ponha em evidência o perigo constante da single story e as múltiplas ignorâncias que homogeneizam e amalgamam a diversidade intensa e, potencialmente infinita, dos seres que se reconhecem como mulheres, dos seus conhecimentos e experiências que estão disponíveis no mundo. Assumindo como raiz conceptual a ecologia de saberes, opta-se por ir mais além, isto é, buscar reconhecer, valorizar e validar ecologias feministas de saberes. A Escola de Inverno Ecologias Feministas de Saberes procura desenvolver um pensamento feminista crítico, reflexivo e dialogante. É um espaço de discussão e de construção de conhecimentos fortemente contextualizados e que visam alimentar as solidariedades Sul-Norte e Sul-Sul. Esta escola de Inverno tem três objetivos principais: O primeiro é construir ecologias feministas de saberes, em diálogo com as Epistemologias do Sul, que deem conta de uma diversidade temática e de experiências de opressão desigualdade vividas por diferentes mulheres, mas também de emancipação e alternativas, pensadas e levadas a cabo por elas; O segundo é interrogar, refletir e ampliar, do ponto de vista feminista, quatro conceitos das Epistemologias do Sul e, com eles, empreender análise e aprendizagens que podem contribuir para mudar a vida; O terceiro é questionar metodologicamente o trabalho da pesquisa para uma construção de conhecimento não-extractivista, solidário e auto-reflexivo;