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Evento
CES Summer School
Epistemologias do Sul VI: Existir, Resistir e Lutar através das Artes
2022-06-27
Centro de Estudos Sociais

As epistemologias do Sul procuram ampliar as possibilidades de repensar o mundo a partir dos saberes e práticas do Sul Global. Enquanto proposta epistemológica e política, desafiam as tentativas de silenciamento, epistemicídio, ou subalternização epistémica. O Sul, neste contexto, é heterogéneo e inclui espaços diversos, experiências variadas e uma infinidade saberes.
Com esta nova edição da Escola procuramos, a partir das artes, desenvolver abordagens teóricas e metodológicas que permitam realizar diagnósticos críticos do presente a partir de uma ecologia de saberes, tendo como elemento constitutivo a possibilidade de reconstruir, formular e legitimar alternativas para sociedades mais justas e livres.
Articulando arte, ciência e os saberes das resistências e das lutas, o trabalho será coletivo e juntará investigadorxs do grupo das Epistemologias do Sul, artistas e intelectuais comprometidos/as com as Epistemologias do Sul, além de quarenta participantes provenientes de vários lugares do mundo e portadores/as de diferentes saberes.
À semelhança do que aconteceu nas edições anteriores, espera-se um grupo heterogéneo em termos de origem, idade, experiência de trabalho e de luta. Esta escola de verão será um espaço de troca e coaprendizagens para imaginar desenhar utopias a partir de experiências e saberes concretos.

Onde decorre, quando e em que regime?

  • O curso decorrerá nos dias 27, 28, 29 e 30 de junho, e 04, 05, 06 e 07 de julho de 2022, por e-learning, usando a plataforma Zoom.
  • Horário: 14h00-19h30 (Portugal) || 15h00-20h30 (Espanha/França/Itália) || 10h00-15h30 (Brasil) || 15h00-20h30 (Angola) || 15h00-20h30 (Moçambique)
  • O total horário do curso é de 44 horas
  • Certificado: das 44 horas
  • 40 alunos, com 4 bolsas
  • O PROGRAMA será disponibilizado em breve

Organização do curso
O curso inicia-se a 27 de junho com uma conferência inaugural, seguida de perguntas e respostas. Nos seis dias seguintes terão lugar duas apresentações iniciais, com académicos e artistas. Cada apresentação durará 20-25 minutos, introduzindo temas e questões que estimulem as discussões a serem desenvolvidas nas oficinas que se seguem entre os/as participantes. Cada dia termina com um momento de debate entre os/as estudantes do curso e os/as palestrantes. O uso de materiais audio-visuais é recomendado.
O curso encerra com uma sessão coletiva (07 de julho) pensada para potenciar uma reflexão colaborativa e a transferências de saberes entre todos/as os/as participantes.

Um programa interdisciplinar
Apoiando-se na forte dimensão internacional das Epistemologias do Sul, esta Escola de Verão será ainda organizada on-line, devido às restrições da COVID-19. Centrar-se-á em "Existir, Resistir e Lutar através das Artes" e decorrerá de 27, 28, 29 e 30 de junho a 04, 05, 06 e 07 de julho de 2022.Os temas principais, tais como a ecologia de saberes, o colonialismo, a descolonização, as artes, mediações e apoios (instituições, atores, apoios materiais) ou tradução (transmissão, adaptação, apropriação) serão abordados através da apresentação de exemplos concretos.

A quem se destina o curso?
Estudantes, docentes, activistas de movimentos sociais, e público em geral.

Línguas de trabalho
As línguas de comunicação do curso serão o espanhol e o português, respeitando as várias versões existentes, contribuindo para a transferência intercultural de conhecimentos e saberes situados.

Objetivos do curso
O curso está pensado como um ambiente de trabalho e construção co-participativa de conhecimentos nascidos das experiências, a partir de uma metodologia pedagógica pró-ativa e inovadora. O curso funcionará baseado no co-trabalho dinâmico em equipas reflexivas durante as oficinas, onde os/as alunos/as e os/as palestrantes partilham saberes e dilemas sobre os problemas que marcam o mundo contemporâneo. O horizonte da descolonização do conhecimento é um objetivo central. Neste sentido, é o objetivo principal deste curso de formação avançado promover diálogos interdisciplinares Sul-Sul para ampliar a reflexão, mostrar e tornar visível, registar, interpretar e ampliar o conhecimento que sustenta as lutas sociais nos nossos tempos.
O curso assenta em quatro eixos fundamentais baseados nas epistemologias do Sul:

  • que a compreensão do mundo excede em muito a compreensão europeia do mundo;
  • que não é possível haver justiça social global sem justiça cognitiva global;
  • não faltam alternativas no mundo, o que falta é um pensamento alternativo das alternativas;

as epistemologias do Sul reivindicam uma diversidade de saberes que sustentam as lutas sociais que importa (re)conhecer e valorizar. Consequentemente, como alternativa a qual quer teoria geral as epistemologias do Sul apostam na promoção de uma ecologia de saberes em conjunto com a tradução intercultural.

 

Esta Edição

Esta 6ª edição da Escola de Verão Epistemologias do Sul centrar-se-á no papel que as Artes desempenham no alargamento dos diálogos Norte-Sul/Sul-Sul-Sul, e assim na expansão da imaginação política e epistemológica, que não se esgota na denúncia do pensamento capitalista hegemónico, colonialista e hetero-patriarcal. A pandemia de Covid-19 trouxe à luz as mais profundas desigualdades existentes no mundo, que foram frequentemente ignoradas ou negligenciadas, produzindo esquecimento e ausências. Após quase dois anos desde o aparecimento do Covid-19, nestes tempos difíceis e infelizes, algo se tornou claro: as Artes foram apresentadas para expressar os nossos sentimentos, permitindo-nos hoje, mais do que nunca, falar através delas, numa multiplicidade de formas artísticas e linguagens, tais como graffiti, fotografia (colonial), cinema, literatura ou tricot.

Como diz Boaventura de Sousa Santos, vivemos num período em que as formas mais repugnantes de desigualdade social e discriminação se tornam politicamente aceitáveis. As ideologias modernas de contestação foram em grande parte capturadas pelo neoliberalismo. Há resistência, mas esta está a tornar-se menos credível como alternativa realista. Esta resistência existe agora mais do que nunca fora das instituições e não através dos modos de mobilização política prevalecentes no período histórico anterior (partidos políticos e movimentos sociais).

Acreditamos que as artes, vistas como uma alternativa emancipatória ou simplesmente como uma forma de contestar o poder e expressar o nosso desacordo, podem dialogar perfeitamente com a ciência e o conhecimento académico. Assim, as Epistemologias do Sul exigem uma nova estética, uma pluralidade de práticas artísticas criativas pós-abissais que emergiram das lutas contra o capitalismo, o colonialismo, e o heteropatriarcado. Sendo este um apelo a transgredir as fronteiras entre o conhecimento académico e o conhecimento nascido nas lutas sociais, reconhecendo o papel das emoções na criação do conhecimento transformador.

Tal como nas edições anteriores, espera-se um grupo heterogéneo em termos de origem, conhecimento, idade e experiência de trabalho e luta. Esta escola de Verão será um espaço de intercâmbio mútuo e de co-aprendizagem que proporcionará os meios para imaginar e desenhar utopias reais a partir de experiências e conhecimentos concretos. À medida que a escola procura explorar, a estética do Sul, na sua pluriversidade, integra expressões artísticas de numerosas culturas e teorias estéticas desenvolvidas fora do paradigma das epistemologias do Norte, oferecendo chaves para pensar e compreender outros passados e novos futuros.

 

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