O recente relatório do Fórum Economico Mundial identifica os principais riscos que ameaçam o mundo contemporâneo. Dentre os cinco elementos críticos, um dos enfoques centra-se na avaliação detalhada dos impactos das mudanças climáticas sobre os espaços urbanos do mundo. Sem admitir explicitamente o efeito do crescimento capitalista na destruição do planeta, este relatório destaca, entre os principais impactos, o aumento dos eventos climatéricos extremos, desastres naturais em repetição, perda de biodiversidade, e os desastres ambientais com mão humana: “os últimos cinco anos parecem ser os mais quentes até agora registrados; os desastres naturais estão a tornar-se mais intensos e frequentes, e o ano passado [2019] testemunhou condições climáticas sem precedentes em todo o mundo”. (WEF, 2020, tradução nossa) É neste contexto de desastres que o relatório destaca algumas das implicações, para a humanidade, derivadas da perda de biodiversidade, incluindo o colapso de sistemas alimentares e de saúde, a rutura de cadeias inteiras de suprimentos etc. (WEF, 2020, p. 6-7) Esses riscos globais são-no na medida em que afetam as atividades económicas e danifi cam infraestruturas, atingindo, sobretudo, as largas franjas de populações vulneráveis (HINDLIAN et al., 2019, p. 12), do que são exemplo os ciclones Idai e Kenneth, que atingiram Moçambique no início de 2019, ou ainda o ciclone Eloise em 2021. Esses eventos climatéricos extremos mostram a magnitude dos desastres ambientais que se avizinham, quer pelo número de mortos, quer pelo rasto de destruição deixado pela sua força devastadora. Porém, a narrativa sobre as alterações climáticas insiste, a nível da “comunidade internacional”, na tradução desse evento enquanto desastre, homogeneizando e ocultando os efeitos de longo prazo da ação conjugada do capitalismo e do colonialismo.>LER ARTIGO COMPLETO