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Opinião
Tempos e culturas fragmentadas: para lá de um tempo imperial
Maria Paula Meneses
Rua Larga [n.º 56 | 2022]
2022-03-01

Apesar de muitos académicos definirem o nosso tempo como o momento da globalização, sinónimo de interconexões globais, é recorrente o retorno à complexidade do tempo e da história. Na década de 1970, peritos da UNESCO produziram uma densa taxonomia do tempo. Esta proposta integrou categorias como «a perceção empírica do tempo», «o tempo visto como uma série de pontos, como uma esfera», «a elaboração filosófica do tempo e da temporalidade», «a consciência do tempo recorrente e do tempo irreversível», «a patologia do tempo», «a relatividade do espaço-tempo, a assimetria do tempo (num universo em expansão) e o tempo cosmológico», «o tempo e metatempo: eternidade como duração interminável», «a visão temporal da história e da desalienação do Homem», «a visão escatológica da história e da história da salvação» e, talvez a mais instigante, a do «otimismo trágico» (Aguessy et al. 1977). Esta proposta revela os esforços da UNESCO para definir um universalismo não-hierárquico adequado aos tempos atuais, onde uma compreensão intercultural global das culturas é fundamental à descolonização dos saberes e das mentalidades.

O tempo presente, em que a estrutura de poder colonial-capitalista insiste numa gestão sincrónica do tempo (apresentando as discrepâncias temporais como impedimentos à globalização), coloca impedimentos ao reconhecer da diversidade de temporalidades presentes. Pensar desde o Sul global, um Sul epistémico, ontológico e político (Santos, 2018), cujas experiências são ainda pouco conhecidas, assenta em reconhecer os diálogos entre as experiências temporais, fundamental às transformações emancipatórias.

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Conteúdo Original por Rua Larga [n.º 56 | 2022]