A entrevista foca na realidade de (i)migrantes no contexto da pandemia de COVID-19. A entrevistada contextualiza essa pandemia no conjunto de epidemias anteriores, constata que essa é global e denuncia a crise da saúde pública. Contudo, afirma que, mesmo estando todos(as) no mesmo mar, não estamos todos(as) no mesmo barco, remetendo metaforicamente às históricas fraturas abissais em sociedades patri-coloniais: as pessoas mais assoladas são as mais vulnerabilizadas em longos processos de exploração e discriminação. A pandemia escancara realidades existentes e aprofunda assimetrias de classe, gênero e etnia, exponenciando preconceitos religiosos. Por outro lado, coloca-se como oportunidade de ações solidárias e de reflexão a partir de perspectivas epistemológicas do Sul, em que importa valorizar conhecimentos múltiplos e observar criticamente ações de governos, cuja função é proteger o seu povo. Conclama à descolonização de conhecimentos e de universidades, à proteção dos direitos humanos dos mais vulneráveis, à co-construção dialógica de saberes e ao reconhecimento desse conhecimento alternativo feito de alternativas também na luta e na prevenção de pandemias.
Palavras-chave: Imigrações, Pandemia COVID-19, Religião e Política, Ciências, Direitos Humanos