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Artigo
Dossiê Descolonizar as Ciências Humanas: campos de pesquisas, desafios analíticos e resistências 
Os sentidos da descolonização: uma análise a partir de Moçambique
Maria Paula Meneses
Revista Opisis v. 16 n. 1 (2016)
2016-01-01

 

Resumo

Este   artigo   procura,   a   partir   de   uma   análise   multidisciplinar,   problematizar  os  sentidos  da  descolonização  a  partir  do  estudo  da  produção  de  conhecimento  em  Moçambique,  à  luz  das  epistemologias  do  Sul,  conceito  avançado  por  Boaventura  de  Sousa  Santos.  O  texto  problematiza  a  dimensão  epistêmica do colonialismo moderno, mostrando como a imagem predominante do continente africano, parte do Sul global, é ainda reflexo de representações forjadas   no   centro   de   um   saber   de   matriz   eurocêntrica,   que   reforçam   a   permanência  das  perspectivas  do  Norte  sobre  o  Sul.  Como  o  artigo  discute,  descolonizar o conhecimento passa por uma revisão crítica de conceitos centrais, como  o  espaço  e  o  tempo,  hegemonicamente  definidos  pela  racionalidade moderna – estrutura de saber que legitima a expansão do projeto civilizacional moderno ocidental no mundo. No campo ontológico, a descolonização passa pela renegociação das definições do ser e dos seus sentidos, aliando a democratização à  descolonização.  Esse  desafio  cognitivo  contesta  o  privilégio  epistêmico  do  Norte  global,  abrindo  o  mundo  a  outros  saberes,  narrativas  e  lutas,  contadas  a  múltiplas vozes.

Palavras-chave: África; descolonização; democratização da história; epistemologias do Sul; diálogos interculturais.

 



Conteúdo Original por Revista Opisis v. 16 n. 1 (2016)