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Algumas pessoas compõem canções, outras pintam quadros ou contam estórias, e há ainda aquelas que fazem revoluções para mudar o mundo. No mar infindável das possibilidades de(...)
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Patti Smith

Rita Alcaire
Publicado em 2020-04-06

As contraculturas juvenis de outrora encontram-se de tal forma arraigadas na cultura mainstream contemporânea que é fácil, do nosso lugar de privilégio, desvalorizar terem sido a determinada altura profundamente inquietas, subversivas e catalisadoras de rebelião e de mudança. Por essa razão, pode ser difícil compreender, hoje, o quão controversas foram as palavras e atitudes de Patti Smith. Amálgama de influências – algumas estranhas à sensibilidade ocidental – e de modos de expressão apoiados em improvisação livre, foi transgressiva, desajustada e, por isso, inovadora em todos os contextos em que se movimentou, tanto na arte como na vida. Nuns Estados Unidos (EUA) conservadores, desconstruiu as grandes narrativas e juntou os pedaços que quis, da maneira que lhe fazia sentido, indo para além dos papéis de género e do status quo; na dianteira da efervescência da cultura punk rock nova iorquina, elegeu ser mãe e esposa devota.

 

Falar de Patti Smith é falar de alguém que em momento algum se desviou de ser ela mesma, indiferente à opinião popular sobre si, sobre as suas escolhas ou sobre aquilo que devia estar em voga. E é aí que reside a principal razão para que o seu trabalho e a sua persona permaneçam relevantes artística e socialmente, para a sua reconhecida estética continuar a ser copiada, e para – aos 73 anos de idade e mais de 48 de carreira criativa – continuar a ser uma figura que faz tanto eco em públicos de várias gerações. Tudo isto com uma incontornável coolness e assumida estranheza.

 

Estranheza... Aquilo que senti no meu contacto inicial com Patti esteve longe de ser amor à primeira vista ou à primeira audição. Quem era aquela figura desgrenhada e ruidosa, com uma voz tão incomum como os seus traços faciais? Por que razão era citada como referência por vários intérpretes e bandas que ouvia na minha adolescência? Por que razão sabia de cor letras suas, mas que conhecia cantadas por voz alheia?

 

Poeta, artista visual, compositora, vocalista, autora, ativista. Insubmissa.
Mãe, colecionadora de memórias, turista de cemitérios, mulher de fé. Iconoclasta.

 

Finais dos anos 1960. Ruma sozinha a Nova Iorque e conhece Robert Mapplethorpe1 por acaso. Desse encontro acidental nasce uma relação íntima de amor, cumplicidade e parceria artística. Ao longo dos anos seguintes, enquanto viviam juntos no Chelsea Hotel, em Brooklyn, rodeados de outros proscritos que se consagraram mais tarde como artistas de culto2, estabeleceu uma forte reputação como criadora e dona de uma visão e de uma originalidade intensas, assim como de uma personalidade direta.

 

Nas leituras de poesia – o seu veículo artístico de eleição – em clubes da cidade, era assediada por homens que lhe ordenavam que voltasse à cozinha, tentando afastá-la com palavras e atos grosseiros. Esta experiência fez com que se tornasse uma performer destemida, confrontadora, provocadora e muito física, que sempre se recusou a descer do palco e a conformar com as expectativas de como uma mulher deveria comportar-se. Alta, esguia – desafiadora das imagens de feminilidade da altura – e de aspeto enganadoramente frágil, vestia roupas em segunda mão, algumas delas personalizadas por si, assim como o corte de cabelo feito em registo caseiro para emular o estilo de Keith Richards, dos The Rolling Stones.

 

Em Horses (1975), o seu primeiro álbum, revela uma visão artística e força criativas assentes na simplicidade de três acordes musicais e de letras sofisticadas e provocadoras, distantes dos padrões poéticos e melódicos dos anos 1950 e 1960. Desde este arranque que a importância das palavras no seu trabalho fica gravada a fogo. Apesar de receber um tempo de antena residual na rádio, o disco assegura lugar na história da música como um dos primeiros discos do it yourself da era punk e não encontra paralelo em trabalhos seus contemporâneos. Patti, andrógina, a preto e branco na capa, iluminação natural, blazer atirado por cima do ombro, o laço ao pescoço desfeito e caído, olhando de cima para a lente de Robert Mapplethorpe. Tão impactante como a forma como David Bowie se apresentava em palco na mesma década – porém, tão menos mediática na esfera pública.

 

Neste e em trabalhos subsequentes, salta entre referenciais temporais, espaciais e espirituais de uma forma estonteante, criando ziguezagues propositados entre diferentes perceções e complexos arranjos fonéticos. Mistura de paisagens sónicas, poesia encantatória com barulho improvisado, joga com símbolos e arquétipos que o conservadorismo queria manter estanques e hierarquizados. Ao fazê-lo, não desvia o público da compreensão, porque as suas visões, emaranhadas e complexas, encontram sempre ancoragem em experiências da vida quotidiana. Cantou e declamou histórias que tinham um ponto de vista masculino e eram dirigidas a ou sobre mulheres – irmã, mãe, filho, amante, predador. Falou claramente de sexo e de prazer, líbido projetada pela voz e poemas. Mais do que as letras que refletem as suas próprias posições e experiências, revela uma liberdade total como artista, sem rédeas nem condescendências.


Em diversas entrevistas ao longo da carreira, afastou o epíteto de feminista que lhe foi atribuído com frequência. Reclamou, em vez disso3, “o direito a criar, sem concessões, de uma posição para lá do género ou de definição social, mas não para lá da responsabilidade de criar algo de valor”4. “Não acho que tenha um sexo. Acho que tenho tanto ritmos masculinos como femininos no meu trabalho”5. Ao fazer esta e outras afirmações, sugere uma pessoa que não está interessada em comprometer a sua arte com uma associação do seu trabalho criativo com um movimento social e civil. Na sua empreitada por liberdade artística, mostra um afastamento de ideologias tradicionais associadas aos movimentos feministas e de luta pelos direitos das mulheres, que assumiam uma importância vital nos EUA (e em outros pontos do mundo) no exato momento em que a sua carreira arranca. Apesar disso, a ocupação que faz dos espaços sociais e estéticos atribuídos a “homens” ou a “mulheres” representa, por si só, uma desobediência significativa nos papéis rígidos da altura, tanto na sociedade em geral como, de forma muito marcada, nos circuitos do rock e da poesia.

 

Responde “mãe”, quando lhe perguntam como se define em primeiro lugar. E, na verdade, pouco depois de lançar o seu quarto álbum de estúdio Wave (1979), casa com Fred ‘Sonic’ Smith (emblemático guitarrista da banda MC5) e muda-se com ele para Detroit, Michigan. Na década e meia seguinte, desaparece da vida pública e dedica-se a uma existência recolhida, entregue aos papéis de esposa e de mãe. Durante este período, lançou apenas um álbum – Dream of Life (1988) –, em colaboração com o seu marido. Apesar de incluir um dos temas mais icónicos da sua carreira – “People Have the Power” – foi um falhanço de vendas e de crítica. Imersa em cartas, fotografias e diários pessoais, este período foi uma importante incubadora para Just Kids6, uma das suas obras literárias mais reconhecidas, que resultou de anos de disciplina na escrita, a que se dedicava nos intervalos de preparar refeições, coser bainhas de uniformes escolares e lavar a roupa. Durante o período de retiro, o seu legado pode também ser visto em projetos como Sonic Youth, PJ Harvey ou em Michael Stipe (REM). Este é mais um aspeto essencial no seu percurso. Na sua vida, a esfera doméstica não é um espaço de opressão patriarcal, pois Patti nunca se apresentou como uma figura subserviente. Neste afastamento da vida pública, estava contida uma forte semente de resistência para, mais tarde, fazer algo de diferente, forte.

 

Encontrar na cultura popular mainstream contemporânea representações positivas de mulheres é um exercício difícil. Encontrar representações de mulheres mais velhas, possibilitadoras de ruptura com estereótipos e com poder de transformação, é tarefa quase impossível. A visão sobre a mulher mais velha da pop culture ocidental massificada parece limitar-se às repetidas representações de figuras dóceis, protetoras da família, quando não remetidas à invisibilidade. Trata-se de uma abrangência de vistas curtas que contribui para aprisionar as múltiplas possibilidades de ser em modelos desadequados às realidades existentes, ansiosas por se expressar. É também por isso que Patti Smith assume tamanha relevância no panorama contemporâneo, assim como nas mais de quatro décadas de atividade artística e simultânea intervenção social. Isto porque a forma como continua a marcar presença reescreve, expande e desordena a noção estereotipada de envelhecimento de uma mulher. Tal como no que ao género diz respeito, quando o assunto é idade, negoceia com a vida a cada momento, sem preocupações com o corpo, com as ações esperadas ou com os papéis sociais definidos.

 

O regresso à vida pública e artística dá-se já próximo dos 50 anos de idade, com duas crianças pequenas ao seu cuidado e após ter sofrido as perdas irreparáveis de Robert Mapplethorpe (1989), do seu teclista Richard Sohl (1990), de Fred ‘Sonic’ Smith (1994) e do seu irmão Todd Smith (1994). Quando retorna traz a mesma energia, já na meia idade, altura em que não é comum ver mulheres ativas no rock, e edita o álbum Gone Again (1996) que carrega consigo a esperança de renovação. Esta forma de encarar as dificuldades e vulnerabilidades é também o reflexo de como abordou os acasos da vida, que não foram gentis com ela: afetada por várias maleitas debilitantes enquanto criança, uma queda do palco que lhe fraturou a coluna, requerendo meses de fisioterapia7, e a morte. Sempre refletiu sobre e esteve rodeada por ela, encontrando na feiura da vida possibilidade de regeneração e transformação em algo de belo.

 

Septuagenária. Num período da vida em que muitas das figuras femininas nas artes e cultura se tornam ausentes, Patti goza de uma visibilidade e implantação no imaginário cultural maior do que nunca. E fá-lo com o seu cabelo grisalho, ‘pés de galinha’ e uma energia irradiante que impele quem se cruza com ela a ver o mundo de maneira diferente. Contagia, também, pelo seu olhar generoso e cândido sobre o mundo, que vê novidade e beleza em todas as áreas de expressão: “Temos uma profundidade tão grande na história humana em todas as artes, quer seja a ópera ou a matemática ou a pintura ou a música clássica ou o jazz. Há tantas coisas para estudar, novos livros para ler e sempre novas formas para transformar velhas ideias e engendrar novas. Por isso devo dizer que nunca estou aborrecida. Posso, por vezes, sentir-me desencorajada ou frustrada, mas nunca aborrecida.”8  Respeita e deixa-se deslumbrar pelo talento de outros, o que fica bem patente não só nas referências em que assenta a sua arte – Arthur Rimbaud, Charles Baudelaire, William Burroughs, Allen Ginsberg, William Blake, Bob Dylan – mas também nas versões que faz de artistas mais recentes – como Kurt Cobain e REM – ou parcerias – como com Patrick Wolf – e no respeito que tem pela memória dos que faleceram.

 

Digressão dos 40 anos de Horses: sobe de novo ao palco, modernizando as letras para instigar as pessoas a combater os interesses corporativos das grandes empresas e assegura que momentos mais calmos e melódicos, como “Elegie”, escrita sobre a morte de Jimi Hendrix, sejam atualizados para incluir os nomes das suas referências e dos entes queridos. Se, no início, as suas músicas falavam de sonhos, agora os seus sonhos estão povoados de pessoas que já partiram.

 

Quando começou a circular a notícia de que a madrinha do punk rock havia sido agendada para o Concerto de Natal no Vaticano (2013), os meios artísticos em que se movimentava, assim como algumas organizações católicas, entraram em ebulição. De questionamentos sobre versos específicos dos seus poemas a pedidos de expulsão do programa definido para a celebração, a confusão estava instalada. Para uns e para outros, Patti era uma herege.

 

O que revela esta participação nas comemorações de Natal do Vaticano? Uma anuência para com os ideais da Igreja Católica ou uma demonstração de que, para si, nada é sagrado? As respostas a estas perguntas não são, na verdade, relevantes. O que importa reter é que a sua educação foi profundamente religiosa e desde cedo se interessou por várias filosofias religiosas e espirituais. Foi Testemunha de Jeová (herança da mãe), estudou a fundo a Bíblia (herança do pai) e teve um fascínio profundo pelo Budismo Tibetano e, mais tarde, pelo Rastafarianismo. “Estudei todas as religiões. Não me interessa o dogma da religião, mas a história, a arte e a maneira de fazer a oração. Leio a Bíblia desde muito jovem. Tenho a minha própria interpretação da Bíblia, que está sempre a evoluir e a mudar”.9  A questão fraturante surgiu quando lhe foi colocado um dilema entre a religião da mãe e as suas inclinações artísticas. Quando colocou a questão: “Bem, o que vai acontecer aos museus, aos Modiglianis, ao período azul?”10 e lhe disseram que iriam cair na lava do Inferno, respondeu: “Decerto que não queria ir para o céu se não havia arte no céu”.11 “Quando tinha doze ou treze anos percebi por mim mesma que, bem, se essa era a viagem, e a única maneira como se podia chegar a Deus era pela religião, então eu não o queria mais.”12 Para si, o rock oferecia todos os aspetos positivos e inspiradores da religião: entusiasmo coletivo, sensação de ritual, o êxtase da libertação, mas sem o dogma. “A coisa fixe da música, a coisa fixe da arte, é que não é a exclusão de ninguém”.

 

É inquestionável que a religião é um tema transversal a todo o seu trabalho artístico, mas de uma forma disruptiva para com a doutrina. Assim, fica claro desde o primeiro verso da primeira música do seu álbum de estreia. “Jesus died for somebody’s sins, but not mine” (Jesus morreu pelos pecados de alguém, mas não os meus), afirmação perentória sobre a sua própria desconexão com as regras da Igreja. Não se trata de uma forma de dizer que renegava Jesus ou que este não havia sido um revolucionário. Pelo contrário. Isso é deixado bem patente em “Rock n’ Roll Nigger” (Easter, 1978), quando o descreve como um dos banidos da sociedade, tal como ela. Antes era uma rasgada declaração de self. “Eu estava a declarar a minha existência, o meu direito de fazer minhas próprias escolhas, eu estava a definir o tipo de artista que estava a entrar no domínio do rock n’ roll e do tipo de artista que eu era, alguém que iria tomar as suas próprias decisões. Eu não sou moldada por ninguém”.13

 

Tanto na música como na sua prosa e poesia, entrelaça hagiografia com sexo e morte e outros assuntos e imagéticas facilmente associadas a vários tipos de religião. As suas letras e os seus poemas são monumentos modernos de arte religiosa e foi através da arte e da música que encontrou a sua própria espiritualidade, possibilidade de oração e forma de difusão de mensagens. Todo o seu trabalho está pejado de iconografia bíblica e de descrições poéticas das suas próprias lutas espirituais, de tal forma que arrisco dizer que a totalidade da sua obra pode ser vista como uma espécie de teologia pessoal.

 

Se Horses (1975) já havia sido recebido com polémica devido ao verso inicial, Easter (1978) –  que se foca nas suas visões musicais e místicas –  não lhe ficou atrás. Quando o disco foi lançado, foi criticado em alguns meios, não só pelos temas e pela abordagem que escolheu fazer –  coroados por Rock n’ Roll Nigger com referências diretas a Jesus associado a uma das palavras mais delicadas do léxico inglês – mas porque na fotografia de capa surgia com pelos nas axilas e, através da sua roupa, era possível vislumbrar os contornos das mamas e mamilos.


Patti Smith fez do rock uma voz cultural, pegando na mesma carga enérgica e simbólica da religião, levando-a mais longe. Tornou-a mais acessível a um conjunto de pessoas que foi influenciado por esta infusão de criatividade e questionamento de regras e fez uma ponte entre a história, a que acenava suavemente nas suas referências, e possibilidades de futuro. Na altura, recebeu ameaças de morte e cartas com mensagens de ódio que lhe diziam que Jesus iria descer à Terra para fulminá-la. Na verdade, não entendiam nenhuma das frases usadas nem as declarações que encerram.

 

“Eu só queria ser eu mesma, era tudo o que eu queria, apenas ser eu mesma. Não gosto que as pessoas me digam como devo vestir-me, como pentear o meu cabelo. Eu não fiz por magoar os sentimentos de ninguém, ou chocar pais ou nada assim, mas sabes, às vezes fazemos escolhas que parecem magoar toda a gente menos a nós mesmos.”14

 

Patti Smith encontrou a sua vocação muito cedo e recusou-se a limitar a sua criatividade para impulsionar uma visão artística, uma disciplina particular ou um percurso previsto enquanto mulher. Teve a capacidade de transformar circunstâncias complicadas da sua vida, como o desespero, a perda e o medo em celebração da vida e do amor, em arte.

 

Discurso, ações, intenções e o efeito cultural e social de artistas não são sinónimos, nem caminham, na maior parte das vezes, na mesma direção. No que diz respeito a Patti Smith, a relação entre aquilo que diz, aquilo que faz, e como é recebida por diferentes públicos, não deve ser vista pelo seu valor de face e tem de ser reconhecida em toda a sua dimensão. Na prática, na sua conduta em palco e fora dele, Patti Smith permitia não só a dualidade dos “ritmos masculinos e femininos” que enuncia como estando presentes no seu trabalho, mas da mesma forma enuncia novas possibilidades de ser – híbrida, vulnerável, repleta de contradições e imperfeições (da voz ao comportamento), ou como a própria refere em mais do que uma entrevista, alien.15  Efetivamente, esfuma e reconstitui ideias não só daquilo que significa ser mulher, mas daquilo que era entendido como género em geral, e daquilo que significava ser performer no rock. Exterior ao que diz em entrevistas, o seu trabalho tem características e funções feministas baseadas na forma como representa uma performance de género, tanto em fotografia – a capa de Horses é o exemplo mais paradigmático – como em atuações ao vivo. Principalmente, por toda a liberdade que mostra em fazer as suas escolhas e encontrar aquilo que quer ser, fora dos constrangimentos sociais e dos papéis esperados.


A reivindicação que fez do espaço público mudou não só a forma como se passou a encarar as mulheres na música, e mulheres com um lugar de destaque em bandas rock, como teve também um efeito libertador para muitas pessoas que viram ali uma possibilidade de ser que fugia aos cânones e, por isso, não era ditada pela obrigatoriedade de certa aparência, comportamento ou regra. Deu alento a quem não se sentia alinhado com a sociedade por um ou outro aspeto: orientação sexual, pertença étnica, classe social, papel de género…

 

Mostrou-me, assim como a tantas outras pessoas, que podemos ser aquilo que quisermos e que a nossa vulnerabilidade e direito a errar tem a capacidade de nos levar mais além, devendo ser celebrados. Uma mulher astuta e erudita, que nunca deixou de ser uma rapariga desengonçada que mantém o seu interesse e amor pela arte e pela vida. Irreverente reverente. Erudita popular. Humildemente brava. Aberta ao mundo, mas extremamente reservada. Desarranjada, mas sempre composta de acordo com os seus ideais. Chega das minhas palavras. Ouçam-se as dela.

 

1 Artista norte-americano que ficou conhecido pelo seu trabalho fotográfico a preto e branco de temas considerados controversos como a cena BDSM e homossexual dos anos 1970 e 1980, nos EUA, entre outros.

2 No Chelsea Hotel, Patti Smith e Robert Mapplethorpe cruzaram caminho com Andy Warhol, Edie Sedgwick, Sam Shepard, entre muitas outras figuras emblemáticas.

3 Todas as traduções presentes neste texto são da exclusiva responsabilidade da autora.

4 Patti Smith Collected Lyrics, 1970–2015, Bloomsbury Publishing.

5 Bockris, V. e Bayley. R. (1999). Patti Smith: an unauthorized biography. Nova Iorque: Simon & Schuster.

6 Just Kids é um livro de memórias (e um exercício de luto), vencedor do National Book Award, em que Patti Smith documenta magistralmente a sua relação com o fotógrafo Robert Mapplethorpe. Em 1996, sete anos após o falecimento de Robert Mapplethorpe (vítima de complicações de saúde associadas ao vírus da SIDA), publica um livro de prosa poética dedicado a ele, intitulado O Mar de Coral.

7 Durante esta paragem forçada para recuperar escreve e publica o seu quarto livro de poesia.

8 “Patti Smith’s most personal interview: “The things that make me feel strange – I’ve transformed them into work”, consultado em http://www.salon.com/2015/10/05/patti_smiths_most_personal_interview_the_things_that_make_me_feel_strange_ive_transformed_them_into_work/

9 “The Spiritual Wisdom and Prophetic Power of Patti Smith”, consultado em http://www.huffingtonpost.com/2014/11/20/patti-smith-spirituality-_n_6185908.html

10 Bockris, V. e Bayley, R. (1999). Patti Smith: an unauthorized biography. Nova Iorque: Simon & Schuster.

11 Idem.

12 Ibidem.

13 “Patti Smith Explains Mixed Feelings About Religion, 'Noah' Song”, consultado em http://www.rollingstone.com/music/features/patti-smith-on-religion-noah-song-20141015

14 “Patti Smith and Robert Mapplethorpe”, consultado em http://www.interviewmagazine.com/culture/patti-smith-and-robert-mapplethorpe/print/

15 “Even as a child I felt like an alien”, consultado em https://www.theguardian.com/music/2005/may/22/popandrock1 

 

 

Referências

Horses, 1975, Arista Records
Easter, 1978, Arista Records
O Mar de Coral, 1996, não (edições)
Twelve, 2007, Columbia Records
Apenas Miúdos, 2011, Quetzal Editores
 

 

Como citar

Alcaire, Rita (2019), "Patti Smith", Mestras e Mestres do Mundo: Coragem e Sabedoria. Consultado a 14.10.24, em https://epistemologiasdosul.ces.uc.pt/mestrxs/?id=27696&pag=23918&id_lingua=2&entry=28852. ISBN: 978-989-8847-08-9