Boaventura é um dos mais prestigiados cientistas sociais da atualidade, uma das principais vozes na reinvenção da emancipação social e nome de referência mundial nos estudos da sociologia do direito, da democracia e dos movimentos sociais. Além de um consistente poeta. O que comprova a série de livros com sua obra publicados pela Confraria do Vento! E agora a novidade chega com "Pitaia e açaí", publicação representativa de sua maturidade poética, com tudo o que de amor, canção e desespero é permitido.
	"Amo-te como se tudo fosse pouco
	e o mundo para ser são
	tivesse de ser louco
	Separam-nos mil viagens e naufrágios
	o meu barco andou por mil deshoras e desordens
	desaprendeu de chegar em porto seguro
	não sabe recolher as velas
	a quilha arrefece
	o lastro inunda-se
	em vez de ancorar
	afunda-se
	Os deuses do impossível velam por nós
	unem-nos galáxias e calendários
	a mesma idade em épocas diferentes
	à mesma hora de tantos continentes
	Não poderemos amar até ao limite das estrelas
	ficaremos longe
	não poderemos vê-las
	não teremos tempo
	nem falta de tempo"