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Luiz Gonzaga 

Cláudia Pereira Vasconcelos
Publicado em 2022-01-06

O Mestre Lua1 e a invenção do baião, do Nordeste e de um Brasil plural

 

Luiz Gonzaga do Nascimento, também conhecido como Gonzagão, Lula ou Lua, é um dos mais importantes nomes da música popular no Brasil. Nascido em 1912, na zona rural (sertão de Pernambuco, região Nordeste do Brasil) e pertencente a uma família pobre, negra e iletrada, teve sua iniciação musical quando menino, acompanhando o pai Januário que, além de agricultor, tocava uma sanfona pequena de oito baixos. Chegou ao Rio de Janeiro no final dos anos 1930 e, após muita persistência em ocupar um lugar no cenário cultural moderno brasileiro, consagrou-se, na década de 1940, como o “Rei do Baião”, chegando a gravar mais de 600 músicas em 266 discos. Gonzaga ficou conhecido em todo o território nacional, ao estilizar e divulgar o baião2, cantando e contando as dores e alegrias do povo do sertão nordestino, um pedaço de Brasil concebido para ser esquecido ou estigmatizado como lugar do atraso e da pobreza, pelo projeto de modernização da nação.

 

Devido a estagnação econômica e as prolongadas secas nessa região, o Brasil viveu entre as décadas de 1940 e 1970, um importante fenômeno de migração interna das populações de baixa renda da região Nordeste para a região Sudeste, especialmente para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, que representavam o polo de industrialização no país. Neste contexto, Luiz Gonzaga atuou como uma espécie de símbolo positivo para os milhares de migrantes nordestinos recém-chegados a esses centros urbanos para servirem de mão de obra barata para a indústria. Um contingente de brasileiros considerado desqualificado e incapaz. Sua figura exuberante pode ser lida como uma presença agregadora, inventora de novos discursos de brasilidade que se fez ecoar pelas ondas do rádio, uma espécie de alento e possibilidade de (re)existência de toda uma população subalternizada de brasileiros/as.

 

A voz, a sanfona, a indumentária, o modo particular de narrar “causos”, enfim, a performance notável de Luiz Gonzaga no palco, fez com que ele se transformasse num ícone nacional, considerado por muitos estudiosos como o maior representante de uma identidade regional, a chamada identidade nordestina. A presença do artista no imaginário nacional é muito marcante até os dias de hoje, sua música influenciou diversas gerações de artistas, tornando-se referência constante para a produção cultural brasileira, tendo visibilidade também em âmbito mundial3.

 

A partir dessa breve apresentação proponho pensarmos esse Mestre como um mediador ou tradutor cultural que conseguiu, com habilidade expressiva, transitar entre um mundo rural de tradição oral (visto como o Brasil do passado) e um universo letrado e citadino (visto como o Brasil do futuro) e, fundamentalmente, trasladar, através de suas canções e narrativas, conteúdos e saberes de um um lugar para o outro, alargando assim as rígidas fronteiras, que na construção dos discursos de brasilidade, separam e hierarquizam: sertão e litoral; rural e urbano; Nordeste e Sudeste. Para compreender melhor o papel e o contexto de atuação do Mestre Lua, o Rei do Baião, sigamos o texto.

 

De “tocadorzinho sem futuro” a “Rei do Baião”: o improvável percurso de Luiz Gonzaga
   
Luiz Gonzaga do Nascimento, o “Rei do Baião”, nasceu na Fazenda Caiçara, povoado do Araripe, a 12 quilômetros do município de Exu, sertão de Pernambuco, no dia 13 de dezembro de 1912. Foi o segundo dos nove filhos de José Januário dos Santos e Ana Batista de Jesus, mais conhecida como Santana e recebeu um nome completamente diferente dos demais membros da família. Chamou-se “Luiz” porque nasceu no dia de Santa Luzia, “Gonzaga” por sugestão do padre que lhe batizou e era devoto de São Luiz Gonzaga e “do Nascimento” porque nasceu em dezembro, mês do nascimento de Jesus Cristo. A inventiva história do seu nome já nos dá uma série de pistas sobre o contexto histórico e geográfico no qual nosso personagem veio ao mundo.     

  

De origem rural de ambos os lados da família, Luiz Gonzaga teve pouco acesso à educação formal, sua iniciação musical se deu ainda quando menino, observando a mãe que puxava cantigas nas novenas em sua casa e em festas católicas na cidade de Exu/Pernambuco. Nesse ambiente, aprendeu a tocar caixa e zabumba (instrumentos de percussão) com músicos de bandas de pífano4; mas também e, principalmente, acompanhando o pai que, além de lavrador, consertava e afinava foles e tocava nas festas da região uma sanfona pequena, conhecida como "pé de bode". Segundo o próprio Gonzaga, essa influência familiar foi fundamental para as escolhas na vida adulta:

Se puxei a meu pai no seu lado artístico, sanfoneiro que ele era, puxei a minha mãe como cantadeira que ela era, tinha as novenas do mês de Maria que não faltava lá em casa, toda noite tinha aquelas novenas e minha mãe era quem puxava a novena.5

 

Por volta dos 12 anos, Luiz já não queria trabalhar no roçado como os demais irmãos, desejava viver do ofício de tocador e, para sua sorte, mas também por demonstrar esperteza, chamou a atenção do prefeito da cidade, Manuel Aires de Alencar, que o convoca para acompanhá-lo em suas viagens. Em uma dessas viagens o menino avista uma sanfona e menciona o desejo de possuí-la, mas só dispõe de metade do valor de custo do objeto. O prefeito, então, se propõe a financiar o restante que é pago em prestações com o seu serviço. Com a família Aires aprende a ler e escrever.

 

Aos 17 anos, apaixona-se pela filha de um fazendeiro próspero na região e na tentativa de vivenciar uma paixão proibida, acaba por fugir de casa, após desentendimentos com os seus pais e com o pai da moça (que o destrata ao nomeá-lo “tocadorzinho sem futuro”). Sem dinheiro, vende sua sanfona e consegue chegar em Fortaleza, capital do estado do Ceará, onde ingressa no Exército Brasileiro. Nessa instituição militar reforçou os aprendizados de disciplina iniciada na família e viajou pelo país. Embora gostasse de música e desejasse fazer parte da orquestra da tropa, como não conhecia partitura, foi recusado pelo maestro. Ainda assim, tornou-se corneteiro da tropa, ganhando o apelido de bico de aço.

 

Depois de servir nove anos ao exército, Luiz Gonzaga chega ao Rio de Janeiro em 1939, onde investe com muito empenho na carreira musical. No início, para ganhar uns trocados, aprende a manejar na sanfona quase todos os ritmos em voga na época: valsa, tango, fado, foxtrote, choro, etc, tocando de tudo e em qualquer lugar, especialmente na no Mangue, zona de boemia noturna e de prostituição. Ao mesmo tempo, participava de shows de calouros que aconteciam ao vivo em importantes rádios cariocas, tendo sido reprovado várias vezes.



Importa ressaltar que, ao contrário do que tentam demonstrar muitos dos admiradores do Mestre Lua, o artista não veio pronto do sertão do Araripe, tampouco é um “predestinado”, como muitas vezes o próprio Gonzaga, ao narrar sua história, faz parecer. Além de encontrar inúmeras dificuldades pelo caminho até chegar ao estrelato, teve que, por diversas vezes, recorrer a processos de aprendizado que lhe faltaram na vida. Em seu percurso formativo passou por muitos mestres, a começar pelo pai e, com astúcia absorveu o que havia de melhor em cada um, tornando-se depois um exímio sanfoneiro e cantor. Também compunha, mas devido as dificuldades com as letras, sempre o fez em parceria.  



Apesar de ter crescido em um universo de tradição oral muito rico, convivendo com repentistas, trovadores, benzedeiras e tocadores de pífano, Gonzaga só despertou para a riqueza de suas memórias lúdico-orais-rurais após ser interpelado por um grupo de estudantes universitários do Ceará que, ao vê-lo tocar tango e valsa, lhe pergunta: porque não toca algo da sua/nossa terra? Sentindo-se desafiado, dias depois, retorna à mesma zona para tocar um ritmo que ele chamou de vira e mexe. A reação positiva do público ao resfolego da sanfona ligeira foi imediata. Desse modo, apresenta o vira e mexe no show de calouros mais importante da época, que era coordenado por Ary Barroso na Rádio Tupi. O feito lhe rendeu a nota máxima no programa, um bom prêmio em dinheiro e em seguida um contrato para trabalhar como instrumentista numa rádio.



A partir daí, Luiz Gonzaga passa a perceber que mesmo naquele contexto tão propício à música estrangeira, poderia haver espaço para músicas do seu “pé de serra” e, aos poucos, começa a investir no que seria um diferencial naquela cena, o sotaque sertanejo da sua sanfona. Chamo a atenção para o termo “aos poucos”, tendo em vista que para chegar ao personagem pop consagrado como "Rei do Baião", aclamado inclusive pela grande mídia e recordista na venda de discos, primeiro lhe são impostos uma série de obstáculos e exigências a exemplo das proibições de cantar e de vestir a indumentária escolhida pelo artista. Vejamos brevemente o porquê nosso artista não parecer adequado àquele cenário cultural e como o mestre driblou tais fronteiras.

 

Expressões de brasilidade: quem e como se compõe o texto da identidade nacional?6

O ambiente no qual Luiz Gonzaga estava inserido como artista reflete a tentativa de normatização de um mercado cultural em fase de consolidação, representado especialmente pela indústria fonográfica e pelo rádio, veículos que atuavam em consonância com a ordem de um Estado autoritário, pautado por uma lógica visivelmente colonialista (capitalista e racista), na qual se elege uma forma “adequada” de se apresentar para ser aceito pelo grande público e, consequentemente, atender aos desígnios da lucratividade.

 

Ademais, o Rio de Janeiro, na primeira metade do século XX, era a capital da República, figurando simbolicamente como uma espécie de menina dos olhos do Brasil, um país que se pretendia moderno a todo o custo e cujas políticas e discursos do Estado objetivavam concretizar uma imagem, para dentro e para fora, associada à lógica do desenvolvimento, da urbanidade e de um progresso que caminhasse em consonância com os “centros” do mundo. Para isso, havia “eleito” a região Sudeste, leia-se São Paulo e Rio de Janeiro, como os principais representantes desse “novo” Brasil.

 

Ainda que influenciados pelos estudos sociológicos de Gilberto Freyre, que positivou a mestiçagem pela primeira vez no campo científico, bem como pelas contribuições dos modernistas paulistas que, a exemplo de Mário de Andrade7, defendiam o exercício antropofágico de conhecer e devorar os Brasis profundos  (sertões, interior), o Estado e suas elites políticas buscavam aliar o fetiche de uma imagem de modernidade a uma representação que valorizasse o que seria típico do país, o seu charme tropical. E para a difusão dessas ideias, o rádio foi o principal veículo de comunicação atuando na consolidação de uma pretensa unidade nacional.

 

Não é à toa que nesse período o samba é eleito símbolo da cultura brasileira. Porém, o propalado "complexo de vira-latas" das elites brasileiras é tão presente na sua concepção de mundo, que, na escolha dos símbolos oficiais não era possível acolher uma representação do popular de forma irrestrita. Buscou-se eleger quem poderia, como poderia e quem não poderia aparecer como expressão de brasilidade. No caso do samba, por exemplo, o governo de Getúlio Vargas e seu aparato midiático-repressivo deram visibilidade apenas às canções que enalteciam o trabalho, a família e o amor à pátria e aos sambistas e artistas mais "bem-comportados", dignos de representar a nação, enquanto os demais foram censurados ou esquecidos. 

 

Desse modo, o falar, o andar, o vestir e consequentemente o cantar, deveriam estar afinados com os padrões de um Brasil moderno e civilizado. Valores estéticos que em nada favoreciam o nosso músico de voz grossa, anasalada e carregada de um sotaque que poderia denunciar que o Rio de Janeiro dos anos 1940 não passava de um aglomerado de “nordestinos sem educação”, pobres, mestiços, fugidos das secas e dos infortúnios daquela região "atrasada"8, que aportaram nesse “país do futuro” para mancharem sua imagem idealizada.

 

Depois da frustração de não poder compor a orquestra do exército, justamente por não acessar a linguagem erudita da música, um dos recados mais explícitos sobre a inadequada presença de Luiz Gonzaga em um lugar de prestígio no circuito cultural brasileiro, lhe foi trazido de forma mais dura e direta, quando em 1941, já contratado como instrumentista pela Rádio Tamoio, fora literalmente proibido de cantar. Certamente por considerar que já havia conquistado um lugar no mercado como músico (instrumentista), Gonzaga resolve cantar uma música de sua autoria “dezessete e setecentos”. Ao saber do feito, o diretor da rádio, ordena que se fixe um cartaz proibindo o músico de cantar, sendo demitido em seguida.



Além do sotaque e sonoridade da voz “inadequada” do artista - outra barreira que marca a trajetória do Mestre Lua e que pode ser lida como tentativa de silenciamento/apagamento da sua representatividade - é a proibição do uso de um figurino referenciado no sertão nordestino. Luiz Gonzaga, decide adotar uma vestimenta que homenageia dois emblemáticos personagens do Sertão/Nordeste: o vaqueiro e o cangaceiro, optou por algo que marcasse visualmente sua presença e que fosse compatível com a obra e o título que ele tanto honrava de Rei do Baião. O que nos chama a atenção nesse fato é que mesmo estando no auge da fama, fazendo sucesso como cantor, com grande vendagem de discos, Gonzagão teve que utilizar de artimanhas para driblar a tentativa de proibição da utilização desse figurino, feita pela gravadora com a qual tinha contrato.

 

É possível notar que a composição do seu personagem foi se dando processualmente, indo, no início da carreira, de uma vestimenta culturalmente bem-comportada; passando a introduzir, no final dos anos 1940/início dos 1950, alguns acessórios que fazem referência ao Sertão/Nordeste; até a adoção, a partir dos anos 1950, de um figurino totalmente referenciado na construção identitária sertaneja/nordestina, trajando-se por inteiro com símbolos que representam àquela região.

 

Em um processo de negociação com a cultura hegemônica sudestina, o personagem referenciado no território construído como a “outridade” do Brasil moderno, foi se compondo paulatinamente. Ao se definir visualmente, o artista foi afirmando positivamente o lugar de origem. Além do uso do gibão, perneiras e chinelos de couro, indumentária própria do vaqueiro, na cabeça o Mestre coloca um chapéu de cangaceiro.

 

As leituras sobre a caracterização do Rei do Baião podem ser diversas. A percepção trazida aqui9, considera bastante audaciosa a atitude do artista em escolher símbolos que, além de não estarem em consonância com as representações de um ideal de Brasil, de algum modo, confrontam tais representações. Poderíamos dizer que o sucesso que obteve até o fim da vida, sem criar opositores, diz muito da capacidade de resistência sutil do sanfoneiro, apreendida nas vivências de uma cultura popular de tradição oral, que avança quando percebe que há espaço e recua quando a fronteira impede. Para conseguir seus propósitos, o Mestre Lua não bateu de frente com os cercos que tentaram obstruir seu caminhar, utilizou-se, quase sempre, do recurso da negociação, articulando objetividade com maleabilidade, tenacidade com plasticidade. Acionou saberes e experiências diversas para sobreviver às imposições de uma ideia hegemônica de brasilidade, que não aceita de bom grado a exaltação do sertão, do Nordeste e do cangaço.

 

Por tudo isso, considero importante divulgar para o mundo os ensinamentos desse grande mestre: um cancioneiro, negociador, criador de ritmos, contador de causos, inventor de Brasis e griô dos sertões. Através da sua obra e performance atuou como restaurador de um tecido cultural em vias de esgarçamento ou supressão. A sanfona, após a sua aparição, ganhou um novo significado no Brasil. Com sua capacidade de reinvenção, o baião se atualizou, transformando-se no que hoje conhecemos como forró.
O Mestre Luiz Gonzaga, que nos deixou em 1989, continua presente na potencialidade das culturas brasileiras, simbolizando a alma das festas juninas no Brasil. Todos os anos no mês do seu aniversário, em Exu é homenageado por artistas de todos os cantos, seguidores do seu legado; é tocado e relembrado nos programas de TV, nas rádios e até nas missas católicas, passando também a constituir os currículos escolares de diversas partes do Brasil. Sua obra permanecerá viva ainda por longos anos. Sua benção, Mestre Lua!



Cláudia Pereira Vasconcelos é Professora de História da Universidade Estadual da Bahia – UNEB; Doutoranda em Estudos de Cultura (Universidade de Lisboa/Universidade Federal da Bahia). Desenvolve pesquisas no campo das culturas, identidades e música, relacionando-os com os recortes regionais correspondentes a Sertão, Bahia, Nordeste e Brasil, com livros e artigos publicados sobre estes assuntos. claudia.culturas@gmail.com
 

Notas

  1. Luiz Gonzaga ganhou o apelido de Lua por ter um rosto arredondado e luminoso como a lua.
  2. Segundo o pesquisador Maia Alves (2012), a expressão baião seria uma corruptela da palavra baiano, sendo derivado de danças e festejos do interior da região Nordeste. O termo é conhecido desde o século XIX, sendo transformado em gênero musical popular e urbano a partir da década de 1940 por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira (seu principal parceiro na música). Apesar de ser considerado uma expressão cultural originária do sertão nordestino, o baião tem referência direta das danças afro-brasileiras, a exemplo do lundu e da umbigada, bailados considerados rasgados e lascivos. Deriva de um misto de dança, poesia e música, cujas cantigas são sempre acompanhadas de viola e pandeiro.
  3. A música mais conhecida de Luiz Gonzaga é Asa Branca, considerada um hino do Nordeste, tem em média 400 regravações, incluindo versões em inglês (David Byrne), chinês (Bai Chibang), coreano (Coreyahband), em língua de origem africana no Senegal (Ameth Male), entre outros. Além de inúmeras regravações realizadas por importantes intérpretes nacionais, a exemplo de Caetano Veloso, Raul Seixas,Elis Regina, Gilberto Gil, entre outros. Para ter acesso a uma execução ao vivo realizada pelo sanfoneiro, acompanhado de importantes músicos brasileiros, ver: https://www.youtube.com/watch?v=zsFSHg2hxbc
  4. As bandas de pífano ou pífaro caracterizam-se como um conjunto instrumental de percussão e sopro, dos mais antigos na música folclórica brasileira. Segundo pesquisadores do tema, o pífano é uma criação mestiço-brasileira, que com sua criatividade e intuição musical adaptou o instrumental europeu ao indígena e africano, dando-lhe uma forma particular de tocar.
  5. Depoimento presente no documentário: Gonzaga: vida, música e conquistas, realizado pela TV da Assembleia Legislativa do Ceará: https://www.youtube.com/watch?v=4R5HG-d-uIk, acessado em dezembro de 2019. 
  6.  Tenho clareza que para uma contextualização do Brasil dos anos 1940/50, no qual nosso personagem está inserido, requereria muito mais informações, discussão e aprofundamento, o que não será possível aqui por conta do formato do texto, de modo que sugiro ao leitor interessado no quesito ver: Albuquerque Jr, 2005 e Vasconcelos, 2011.
  7. Mário de Andrade além de escritor, poeta e crítico literário, foi um importante estudioso do folclore brasileiro e um dos pioneiros nos estudos da etnomusicologia. Além de figura central no movimento modernista brasileiro, na década de 1930 fundou e atuou como diretor do Departamento de Cultura do Município de São Paulo, quando realizou uma expedição pelo Nordeste registrando cantos de trabalho e outras produções musicais da chamada cultura popular.
  8. Importante mencionar quão atual é o preconceito contra a citada região e os seus moradores, esse preconceito tem sido expresso claramente nos processos eleitorais contemporâneos, principalmente após a eleição do presidente nordestino Luiz Inácio Lula da Silva.
  9. As análises presentes neste artigo partem da pesquisa de doutoramento, que realizo atualmente na Universidade de Lisboa (Portugal) em co-tutela com a Universidade Federal da Bahia (Brasil) e que tem como título: Deslocamentos de fronteiras: percurso e produção musical de Gonzagão e Gonzaguinha na construção das brasilidades

 

Referências

  • ALBUQUERQUE Jr., Durval Muniz de. A Invenção do Nordeste e outras artes. São Paulo: Cortez. 2005.
  • ALVES, Elder P. Maia. A sociologia de um gênero: o baião. Maceió: Edufal, 2012.
  • FONTELES, Bené (org). O Rei e o Baião. Brasília: Fundação Athos Bulcão, 2010.
  • VASCONCELOS, Cláudia P. Ser-Tão Baiano: o lugar da sertanidade na configuração da identidade baiana. Salvador: EDUFBA, 2011.

Como citar

Vasconcelos, Cláudia Pereira (2019), "Luiz Gonzaga ", Mestras e Mestres do Mundo: Coragem e Sabedoria. Consultado a 28.03.24, em https://epistemologiasdosul.ces.uc.pt/mestrxs/?id=23838&pag=23918&id_lingua=2&entry=36620. ISBN: 978-989-8847-08-9